Brasil
Publicado em 28/10/2018 - 09h37min
Brasileiros migram para a rede social que promete “liberdade de ofender” 
Usuários foram bandidos do Facebook e do Twitter
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Brasileiros migram para a rede social que promete “liberdade de ofender” 
Para fugir do monitoramento feito pelo Facebook e pelo Twitter, cada vez mais perfis ligados à direita americana têm migrado para o Gab, rede social fundada nos Estados Unidos em 2016. A plataforma cresceu durante a campanha de Donald Trump e abriga quem foi banido de outras redes por espalhar fake news ou discursos de ódio. O que começou como uma ferramenta dedicada à direita ianque aos poucos ganhou adeptos no Brasil, que hoje é o segundo país que mais usa a rede social, com quase 1 milhão de usuários. “O fundador do Gab postou uma foto dedicada ao Brasil. E ele fala muito sobre o país e sobre os brasileiros”, destacou a pesquisadora Luiza Bandeira, da ONG americana Atlantic Council. Os acessos diários ao Gab estão cada vez maiores.

A rede social foi criada com a promessa de “liberdade de expressão quase total” e tem atraído os insatisfeitos — o americano Robert Bowers, suspeito de matar 11 pessoas neste sábado (27) em uma sinagoga em Pittsburgh, na Pensilvânia, era usuário do Gab, onde costumava postar textos antissemitas.

O Gab, cujo endereço é gab.ai, foi pensado como alternativa ao Twitter pelo engenheiro americano Andrew Torba, em 2016, em meio à disputa presidencial entre Hillary Clinton e Donald Trump. Usa como lema uma frase de Salmon Rushdie: “O que é liberdade de expressão? Sem a liberdade de ofender, deixa de existir”. Não à toa, ícones da direita brasileira, como o professor de filosofia Olavo de Carvalho, migraram para a nova rede.

Apesar do crescimento da nova plataforma, redes tradicionais ainda são as que mais atraem os brasileiros, sobretudo o WhatsApp. A pesquisadora Luiza Bandeira disse que uma das poucas coisas que se sabem sobre o aplicativo é que ele conta com mais de 120 milhões de usuários. “Tentar entender o tamanho do WhatsApp é a grande questão”, disse ela, lembrando que a dimensão dos grupos e o rastreamento de números se mantêm fora do alcance de terceiros. Ela lembrou que campanhas de desinformação e discursos de ódio não são inerentes ao WhatsApp ou ao Facebook. “O problema que está acontecendo não é das redes sociais. É uma questão muito mais da sociedade”, avaliou.

(Época)
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